De
uns tempos pra cá é frequente a prática da apologética no meio
evangélico no que tange a defesa do Deus Absoluto e a sua
não-relativização. Ao que pareceu, essa vibe pós-moderna, ao ponderar as
noções de ‘verdade’ tentou infectar o pensamento até então coerente e
convicto das várias vertentes evangélicas no Brasil.
Dizer
que Deus é relativo é uma fuga humana tão pobre que só reflete o estado
perdido, fragmentado, indefinido e insatisfeito do homem corrompido (Efésios 2:1,5). Contudo, o que podemos concordar é que assim como Deus é Absoluto, a aplicação
da sua Palavra corrobora para relativizações que variam no aspecto
social, cultural, e de níveis de fé como o exemplo de Paulo em 1
Coríntios 8.7-13. Entendam! Isso não significa a relativização nem de
Deus nem de Sua Palavra, mas a versatilidade de aplicação da Verdade que
compreende as relativizações humanas!
Fugindo daquele cenário Palavra x Filosofia, Teísmo x Teoria da Relatividade,
o que acho mais interessante é notar também que há outras formas de
dizer que Deus é relativo. E por incrível que pareça, não é difícil
encontrar vários atalaias mal resolvidos por aí, que defendem a
existência de um Deus “Super Absoluto”, usando, porém, uma fé tão
relativa que me chega a níveis de estranhamento altíssimos. Isso pode
ocorrer quanto ao se dizer que Deus é absoluto, por exemplo, mas ao
mesmo tempo defender que Deus não escolhe o seu povo, por ser isso um
tipo de injustiça. Isso me confunde!
Então, vejamos como isso pode acontecer através de outros exemplos que elaborei.
1) Quando digo que Ele é meu Pai, mas acredito que posso perder a salvação. (João 6:37)
2) Quando leio Efésio 2, e Romanos 9, mas prego e acredito que a salvação depende da escolha do homem.
3) Quando vejo talentos em descrentes, mas atribuo tais habilidades a satanás. (Tiago 1.17)
4) Quando canto “o véu que separava já não separa mais…”, mas necessito de pastores e/ou vasos para ouvir a voz de Deus. ( Hebreus 10:19-22 )
5) Quando digo que o pecado de idolatria é abominação diante de Deus (1 Coríntios 10:14), mas faço parte do fã clube do cantor(a) gospel, e não saio da cola dele(a).
6)
Quando dizimo devolvendo o que a Deus pertence, mas no fundo, exijo que
Ele me “re-devolva” com juros e correção monetária. (Deuteronômio 28.2)
7) Quando leio que sou templo do Espírito Santo, mas idolatro as paredes da igreja que pertenço. (Atos 17.24)
8)
Quando Leio 1 Coríntios 14, mas suponho que Deus não se importa quando
falo línguas estranhas sem atender as ressalvas ditas por Paulo.
9)
Quando digo que Deus é o mesmo ontem e hoje, mas afirmo que sua Palavra
é complexa para se compreender no mundo atual, fazendo de minha crença
pessoal um sincretismo maluco onde posso gostar dos sermões reformados,
mas corro em busca das curas e milagres dos neopentecostais. (Gálatas
1.8)
10)
Quando canto e louvo dizendo “Tú És tudo Pra mim”/ “Tenho sede de Ti”,
mas acho uma perda de tempo ir ao Seu Livro para ler e estudá-lo. (João
5.39)
***
Antognoni Misael, mais um membro da UMP Guarabira.
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